Drawings / Desenhos:
Casa Bora
Entre a serra de Grândola e a brisa atlântica de Melides ergue-se a Casa Bora, um refúgio pensado para quem passa os dias em movimento. Há quem viva ancorado, mas há também quem atravesse a vida a responder “bora” sempre que surge a vontade de seguir caminho, de procurar paisagem, vento e direção.
Esta casa nasceu para esse espírito inquieto, para ser um destino sem nunca deixar de ser viagem. O nome surgiu quase como um sinal. “Bora” é a palavra que capta esse impulso quotidiano de ir, descobrir, avançar, e é também o nome de um vento que moldou Melides ao longo de séculos. Aqui, essa ideia transforma-se em arquitectura, e a necessidade de movimento encontra finalmente um ponto de chegada.
A sua materialidade cresce da própria terra. Tons de terracota, areia e argila atravessam exterior e interior numa continuidade silenciosa, inspirada em arribas fósseis, dunas antigas e no carácter telúrico do Alentejo. A paleta quente da paisagem cruza-se com uma frescura arquitectónica que equilibra o calor do verão, criando um refúgio que respira com o território e o enquadra.
A Casa Bora é isso mesmo, um lugar para quem vive em partidas. Uma arquitectura que abraça o acto de ir, que transforma o percurso em regresso e que lembra que há destinos escolhidos precisamente para voltarmos a eles, uma e outra vez.
//
Between the Grândola mountains and the Atlantic breeze of Melides stands Casa Bora, a retreat shaped for those who spend their days in motion. Some live anchored, but others move through life answering “bora”, the Portuguese way of saying “let’s go”, to every invitation, crossing the country in search of landscape, wind and direction.
This house was conceived for that restless spirit, to be a destination without ever ceasing to be a journey. The name emerged almost as a sign. “Bora” is the word that captures that everyday impulse to go, to discover, to move forward, and it also happens to name a wind that has sculpted Melides for centuries. Here, that idea becomes architecture, and constant movement finally finds a point of arrival.
Its materiality rises from the earth around it. Terracotta, sand and clay tones flow from exterior to interior in a quiet continuity inspired by fossil cliffs, ancient dunes and the grounded character of the Alentejo. The warm palette of the land meets a crisp architectural freshness that balances the summer heat, creating a refuge that breathes with the landscape and frames it.
Casa Bora is exactly that, a place for those who live in departures. An architecture that embraces the act of going, that turns travel into return, and that reminds us that some destinations are chosen precisely to be returned to, again and again.
Location: Roncão, Santiago do Cacém
Area: 303,20 m²
Start: 2025
Conclusion:
Architects: Vasco Lima Mayer, Ana Ramos, Gonçalo Grácio, Carlota Tavares, Francisca Teixeira Carneiro, Diogo Santos, Miguel Coelho dos Reis
Engineers: Francisco Lima Mayer, Nuno Pitta Soares
Construction:
Carpentry:
Photography:
